Vencemos

Este ano foi mais difícil que o de costume. O Brasil praticamente parou. Com isso, as indústrias não produziram. Sem produção, insumos e produtos não circularam.


E com isso o frete despencou. As poucas cargas disponíveis tinham o valor do frete achatado. O caminhoneiro vai, transporta, paga as contas, renegocia dívidas, corta o que puder cortar para manter o nome limpo na praça.

De janeiro a março, elevou o preço do óleo diesel duas vezes. O valor reajustado nas refinarias foi de 10,4% (5,4% em janeiro e 5% em março). Em agosto o litro do óleo diesel subiu 5,8%.

Mas o caminhoneiro continua. Tira forças não se sabe de onde e sorri. Sempre sorrindo. É só cumprimentar um caminhoneiro na estrada e ele abre um enorme sorriso. Esquece os problemas, a dureza do trabalho, e vê no outro motorista, um amigo. Mais um herói das estradas.

Heróis que vez por outra morrem no campo de batalha. Morrem assassinados por ladrões que deveriam estar presos. Outras vezes devido à estradas mal conservadas e ainda por desespero em cumprir horários absurdos para conseguir migalhas. Tombam por ganância e ignorância, vendo em algumas “pílulas mágicas”, ou na cocaína, meios de ganhar mais dinheiro.

Quem consegue escapar das armadilhas das estradas, aprende a curtir os poucos momentos em família. Troca a ida no estádio para jogar bola com o filho. Dispensa noitadas com os amigos para ficar com a esposa. Não assiste televisão porque sempre dorme encostado no ombro da mulher. Esquece a vida real e viaja nos livros de história infantil que conta para a filha, enquanto o cansaço de um dia duro deixa.

Esses profissionais que sabem como é a vida nas estradas, que já viram coisas de deixar o cabelo em pé, não desistem. Não desistem não apenas por eles. Mas por suas famílias, pelo seu país. Sabem que as mãos calejadas e sujas de diesel são as mesmas que constroem essa nação mais assaltadas do que eles.

E quando no meio de uma grande pressão, na solidão da cabine de caminhão em uma noite de frio e chuva, ele pensa em desistir, um simples olhar na foto do filho, da esposa, ou de ambos, revigora seu espírito. Ele engata uma reduzida, pisa mais fundo e cumpre a sua missão.

Por isso, mesmo com todas as dificuldades desse ano, afirmo que os caminhoneiros foram vencedores. Vencemos as estradas, os pedágios, os fretes aviltantes e estamos aqui para um novo ano.

Sonho que vi em uma reunião de caminhoneiros. Uma mulher se protegendo do sol, embaixo de um grande baú de caminhão. Cheguei mais perto, sentei-me no chão, ao lado dela e perguntei: você está grávida? Ela abriu um lindo sorriso e disse: sim, de oito meses. Espantado, perguntei: mas por que está aqui? Ela com orgulho disse: pra que meu filho aprenda desde cedo o que é ser caminhoneiro. Para que meu filho seja caminhoneiro como o pai.

 

Fonte: revistacaminhoneiro

 

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